Pr. Henrique Lino da Silva

18 de set de 20134 min

O que é e como funciona a teologia que prega prosperidade e saúde através do poder da palavra


 

A Confissão Positiva, movimento que influencia as igrejas
 

 
neo-pentecostais da atualidade, tanto no Brasil quanto no mundo, tem
 

 
origem no século 19, quando Essek William Kenyon, nascido em 1867,
 

 
passou a pregar influenciado pelas ideias de Finéias Parkhusst Quimby,
 

 
conhecido como curandeiro e hipnotizador, além de fundador de uma
 

 
corrente chamada “Novo Pensamento”.

Os envolvidos na influência dessa corrente na pregação de Kenyon são


 

 
Mary Baker Eddy, fundadora da Igreja da Ciência Cristã e introdutora de


 

 
Kenyon a respeito das teses de Quimby, além de Charles Emerson, fundador


 

 
da “Emerson School of Oratory” (Escola de Oratória de Emerson, em


 

 
tradução livre), onde o pregador Kenyon estudou e recebeu orientações de


 

 
Charles.

Existem correntes dentro desse movimento, que se distinguem entre os que


 

 
são unicistas, os que deificam o homem e os que pregam Jesus com uma


 

 
perspectiva mais excêntrico, exótico. As principais características


 

 
desse movimento são a mensagem de prosperidade e saúde, e os resultados


 

 
alcançados nesses quesitos como provas de uma vida cristã correta.

Há ainda uma característica a ser observada: geralmente os pregadores


 

 
influenciados pelo movimento da Confissão Positiva usam a Bíblia para


 

 
reforçar seus argumentos e se dizem profetas que receberam diretrizes


 

 
diretamente de Deus.

A principal influência do fundador do “Novo Pensamento” nesse movimento é


 

 
a crença de que ao declarar determinado objetivo, tal desejo já foi


 

 
alcançado, bastando crer e esperar que se cumpra. Os ensinos de Quimby


 

 
falavam sobre o poder da mente e negavam a existência da matéria, do


 

 
sofrimento, do pecado e da enfermidade.

Em artigo publicado no site Palavra da Verdade, o pastor Esequias Soares


 

 
afirma que o pregador Kenyon “se empenhou nas campanhas pregando


 

 
salvação e cura em Jesus Cristo dando ênfase aos textos bíblicos que


 

 
falam de saúde e prosperidade. Aplicava a técnica do poder do pensamento


 

 
positivo. Orava pelos enfermos e muitos foram salvos e curados, mas


 

 
outros não. Não era pentecostal, pastoreou várias igrejas e fundou


 

 
outras. Kenyon foi influenciado pelas seitas Ciência da Mente, Ciência


 

 
Cristã e a metafísica do Novo Pensamento. Kenyon é reconhecido hoje como


 

 
o pai do Movimento Confissão Positiva, também conhecido como Teologia


 

 
da Prosperidade, Palavra da Fé ou Movimento da fé, pois influenciou


 

 
Kenneth Hagin”.

Kenneth Hagin foi um dos grandes entusiastas do século 20 a respeito dos


 

 
ensinos de Kenyon. O pastor Soares relata que “Hagin estudava os


 

 
escritos de Kenyon e divulgava esses ensinos kenyanos em livros,


 

 
cassetes e seminários, dando ênfase a confissão positiva. Em 1974 fundou


 

 
o Centro Rhena de Adestramento Bíblico, em Oklahoma. Muitos pastores e


 

 
movimentos foram influenciados por Hagin. Em 1979, Hagin, Kenneth


 

 
Copeland, Frederick Price, Charles Capps e alguns outros fundaram a


 

 
Convenção Internacional de Igrejas da Fé, em Tulsa, Oklahoma” relembra.

Com grande visibilidade e acumulando seguidores, Hagin passou a


 

 
estruturar melhor sua “Teologia da Prosperidade” e passou a pregar que


 

 
Jesus havia sido rico. “Afirmam que Jesus vivia numa casa grande,


 

 
administrava muito dinheiro, por isso precisava de um tesoureiro, e


 

 
usava roupa de grife. Cremos não haver necessidade de refutar tais


 

 
idéias, pois todos sabem que Jesus “se fez pobre, para que pela sua


 

 
pobreza, enriquecêsseis”, 2 Coríntios 8.9. Compare ainda Lucas 2.21-24


 

 
com Levítico 12.2-4, 6, 8; 9.5, 8”, rebate o pastor Esequias Soares.

Boa parte da argumentação de dos ensinamentos de Hagin são baseados em


 

 
uma distorção etimológica, segundo o pastor Soares. Hagin distinguia os


 

 
termos gregos Rhema e Logos, que significam palavra. Porém, para Hagin,


 

 
cada um deles tinha uma representação diferente: “Ele afirma que logos é


 

 
a palavra de Deus escrita, a Bíblia e que rhema é a palavra falada por


 

 
Deus em revelação ou inspiração a uma pessoa em qualquer época, de modo


 

 
que o crente pode repetir com fé qualquer promessa bíblica, aplicando a


 

 
sua necessidade pessoal, e exigir seu cumprimento”.

Com isso, Kenneth Hagin argumentou e convenceu milhares de pastores e


 

 
influenciou boa parte dos cristãos. “A base da confissão positiva é a


 

 
fé. O crente deve declarar que já tem o que Deus prometeu nos textos


 

 
bíblicos e tal confissão pode trazer saúde e prosperidade financeira. A


 

 
confissão negativa, por sua vez, é reconhecer a presença das condições


 

 
indesejáveis. Em outras palavras, você nega a existência da enfermidade e


 

 
ela simplesmente deixará de existir. Isso é o que ensinava Quimby e


 

 
ensina ainda hoje a seita Ciência Cristã. Atribuir tanta autoridade


 

 
assim às palavras de uma pessoa extrapola os limites bíblicos. Além


 

 
disso, não é verdade que haja essa diferença entre logos e rhena. Deus é


 

 
Senhor e soberano e nós os seus servos. O Senhor Jesus nos ensinou na


 

 
chamada Oração do Pai Nosso: “Seja feita a tua vontade, tanto na terra


 

 
como no céu”, Mateus 6.10. Essas duas palavras gregas são usadas


 

 
alternadamente para indicar a Bíblia”, desmistifica o pastor Soares.

Para Soares, a Bíblia possui passagens que contradizem a Confissão


 

 
Positiva e que a promessa do perdão, por exemplo, parte da confissão de


 

 
culpa: “A Bíblia diz que devemos confessar nossas culpas para que


 

 
sejamos sarados (Tiago 5.16) e isso não parece ser confissão positiva.


 

 
Apóstolo Paulo afirma haver se contentado com a abundância e com a


 

 
escassez (Filipenses 4.11-13). É verdade que a doença é conseqüência da


 

 
queda do Éden, mas dogmatizar que todos os enfermos estão em pecado ou


 

 
não têm fé é ir além do que está escrito”.

A divisão entre os que defendem as teses da Confissão Positiva, ou


 

 
Teologia da Prosperidade e os que vão contra esse movimento é algo que


 

 
acirra nervos entre seus adeptos. O pastor Soares encerra seu artigo


 

 
incentivando o debate entre as partes e classifica o movimento da


 

 
Confissão Positiva como uma distorção: “Algumas pessoas vêem as


 

 
aberrações da confissão positiva, mas às vezes hesitam em rebater esses


 

 
abusos temendo dividir o povo de Deus, ou até mesmo ser reputado como


 

 
incrédulo ou anti-pentecostal”, conclui

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